Quando eu digo às pessoas que é responsabilidade de todos prevenir o suicídio, acaba sempre surgindo um questionamento muito interessante: Afinal, como pode ser responsabilidade de todos se nem todos são profissionais da saúde ou possui treinamento específico sobre o tema?
Por aí, podemos perceber que muitas pessoas tem medo de falar sobre o tema, porque temos um mito que diz que “falar sobre suicídio pode incentivar a pessoa a tirar a própria vida”, mas na verdade: Falar é solução!
Como eu disse anteriormente, 90% dos casos de tentativas de suicídio podem ser evitados e para falar sobre “como” fazer isso isso, trago alguns exemplos e reflexões:
Kevin Hines, um americano sobrevivente de uma tentativa de suicídio, conta em suas palestras que quando estava prestes a se jogar da ponte Golden Gates ele passou por diversas pessoas que nem se quer o olhavam em seu sofrimento mais latente e ele faz um apelo para que as pessoas que observam esse tipo de sofrimento não fiquem quietas.
Na Austrália, Don Ritchie é conhecido como “o anjo do penhasco” porque por muitos anos ele aprendeu a observar os possíveis suicídas que frenquentava um penhasco perto de onde morava e passou a se aproximar e perguntar se poderia ajudá-los. Com esse simples e acolhedor gesto, aproximadamente 160 pessoas desistiram de se matar.
Na Coreia do sul, nas pontes há telefones, como um disk auxílio. Assim como aqui no Brasil nós temos o CVV (Centro de Valorização da Vida), que conta com voluntários 24 horas para conversar anonimamente através do disque 188, pessoalmente (nos mais de 120 postos de atendimentos) ou pelo site www.cvv.org.br
Portanto, observar os outros, oferecer ajuda, apoiar a procurar auxílio profissional, parecem ações pequenas, mas podem salvar muitas vidas, e veja que essas ações não precisam ser realizadas por um profissional treinado, mas por pessoas!
A partir do momento que compreendemos quais são os fatores de risco e os sinais de alerta (citados em outro post que fiz) e entendemos que essas pessoas não querem se matar, mas sim, acabar com um sofrimento, nós podemos oferecer ajuda através de acolhimento, suporte, escuta e encaminhando para um profissional.
Por isso, não tenha receio de falar sobre o assunto, você pode iniciar com perguntas simples como “Como você está? Como se sente em relação ao futuro? Há algo que te incomoda?”; e colocando-se a disposição, sem julgamentos ou críticas como, por exemplo: “Como posso te ajudar?” até chegar a perguntas mais complexas ou o próprio encaminhamento para o profissional. As vezes, essas pessoas precisam perceber que elas tem suporte emocional através de falas como “eu estou aqui, posso procurar ajuda junto com você” porque talvez esteja muito difícil para elas fazerem isso sozinhas.
E se você ainda tiver dúvidas, estiver inseguro de como fazer isso, ou está passando por algum problema em relação a isso: procure um profissional!
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