Responsabilidade Afetiva: Com quem?

É cada vez mais comum ouvirmos falar sobre Responsabilidade Afetiva (ou a falta dela), mas quando tentamos aprofundar o tema compreendemos que sua definição as vezes se perde em conceitos de “empatia, respeito, transparência”.

Quando eu digo que se perde, obviamente não estou desconsiderando que essas palavras estão sim relacionadas ao tema, mas antes de falar da responsabilidade afetiva com o outro precisamos falar sobre nós mesmos.

Todos nós em algum momento da vida tivemos incertezas, medos e até mesmo não soubemos decidir se deveríamos ou não levar uma relação (de qualquer tipo) à diante, se deveríamos ou não falar x ou y para fulano porque “poderia magoa-lo” se fosse dito. Acontece que o não dito, também pode magoar. Afinal, que controle temos disso? E sim, nós também magoamos muitas pessoas, porque nós erramos muito (e quem não erra?). Assumir isso, faz parte da responsabilidade afetiva.

Então, em primeiro lugar, responsabilidade afetiva diz respeito sim a honestidade e transparência, mas conosco e com os outros. Por isso, devemos pensar: o que eu quero para mim? O que eu considero importante numa relação? O que estou disposto a abrir mão? O que eu não estou disposto? E então, a responsabilidade afetiva passa a ser com o outro, de transmitir esses sentimentos e percepções para ele, de ser sincero com ele também, deixando claro nossas intenções. Afinal, também gostaríamos que o outro fizesse isso conosco, não é mesmo?

Observe que isso não significa que o sentimento tem que ser recíproco e não quer dizer que se não for temos que permanecer ali para não magoar o outro, mas significa reconhecer que as vezes o que é óbvio para nós, dentro de nós, não está óbvio para o outro e, então, precisa ser dito, precisa ser conversado, porque não existe uma métrica de quem está mais envolvido, não existe um método comparativo que nos mostre quem quer e quem não quer, não existe muitas vezes evidência nenhuma (talvez algumas paranoias, digo, pensamentos disfuncionais, rs).

E está tudo bem também em mudar de ideia, em desistir, em perceber que aquilo que você achava que fazia sentido, não faz mais. Nós amadurecemos (ainda bem) e precisamos estar preparados para lidar com essas mudanças das nossas relações também. Mas, eis que então surge a importância de falarmos da responsabilidade afetiva na transitoriedade de nossas relações: nós também precisamos transmitir isso para o outro. Como diria Le Petit Prince “tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas”.

Portanto, responsabilidade afetiva é um caminho que precisamos trilhar de comunicação, respeito e empatia com o outro, sim, mas também de autoconhecimento e de transparência conosco também. E é preciso coragem para isso.

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